Nas últimas décadas, a revolução tecnológica transformou profundamente as dinâmicas de trabalho em todo o mundo. No Brasil, esse impacto tem demonstrado resultados expressivos, com o mercado de trabalho relacionado à tecnologia registrando um crescimento notável. Um levantamento inédito realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela que profissões no setor de tecnologia tiveram um aumento de até 740% no número de postos formais entre 2012 e 2022.
Esse cenário reflete não apenas o avanço da digitalização, mas também a crescente demanda por profissionais especializados em inovação e soluções tecnológicas. A transformação digital tem exigido uma força de trabalho cada vez mais qualificada, o que posiciona o Brasil diante de novos desafios e oportunidades.
Apesar de avanços notáveis em algumas áreas, o país ainda apresenta gargalos em termos de capacitação e infraestrutura. Esses fatores destacam a importância de uma estratégia nacional integrada para garantir que o crescimento do setor de tecnologia impulsione a economia e a sociedade.
Profissões de destaque
Entre as profissões que tiveram os resultados mais expressivos, destacam-se os engenheiros de sistemas operacionais em computação, que registraram um aumento impressionante de 741,2% em vínculos de emprego entre 2012 e 2022. Outras ocupações também apresentaram saltos surpreendentes, como os tecnólogos em gestão de TI, com alta de 450,7%, e os pesquisadores em ciências da computação e informática, que tiveram um crescimento de 579,3%. Esses dados ressaltam a forte demanda por habilidades avançadas em tecnologia e o papel essencial desses profissionais no cenário de transformação digital.
No conjunto das 30 profissões analisadas, os números gerais também impressionam. Em 2012, o total de vínculos empregatícios nessas áreas era de cerca de 445 mil. Uma década depois, em 2022, esse número alcançou 868,1 mil, representando um crescimento de 95% nos postos de trabalho ativos. Esses dados mostram que, mesmo em um cenário de desaceleração econômica em outros setores, o mercado de tecnologia se manteve como um dos principais motores de geração de empregos no Brasil.
Impacto da digitalização
A digitalização da economia e a adoção acelerada de tecnologias têm moldado o futuro do trabalho em nível global. Iniciativas tecnológicas como inteligência artificial, computação em nuvem e automação vêm redefinindo processos produtivos e promovendo a criação de novos modelos de negócios. O Brasil, alinhado com essas tendências globais, encontra na inovação tecnológica uma oportunidade única para reposicionar sua economia em um mercado cada vez mais competitivo.
Nesse contexto, o Plano Brasil Digital 2030+, desenvolvido sob a liderança do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (Conselhão) e do governo federal, surge com uma proposta estratégica para fortalecer o papel do país no cenário global. Entre suas diretrizes, destaca-se a importância da capacitação de mão de obra e da valorização de talentos digitais.
De acordo com o Plano Brasil Digital 2030+, medidas como a ampliação da conectividade em áreas remotas, incentivos à pesquisa e desenvolvimento, e a criação de programas de requalificação digital são fundamentais para garantir que o Brasil esteja preparado para as demandas do futuro e possa ocupar uma posição de destaque nas cadeias de valor globais.
Déficit de mão de obra qualificada
Um levantamento mundial realizado em 2022 pelo ManpowerGroup, consultoria de gestão de pessoas, revelou que o Brasil enfrenta uma escassez significativa de profissionais qualificados, com 81% dos empregadores relatando dificuldades para preencher vagas – uma taxa superior à média global de 75%. Este cenário reflete não apenas a falta de formação específica em áreas como tecnologia da informação, mas também o impacto do crescimento acelerado das demandas do setor. Os segmentos mais afetados incluem TI e dados, logística e operações, além de marketing e vendas, apontando para uma lacuna estrutural que precisa ser abordada para sustentar o avanço tecnológico no país.
Os efeitos dessa escassez vão além das dificuldades imediatas para empresas. A longo prazo, o déficit pode comprometer a competitividade da economia brasileira, limitando sua capacidade de inovar e crescer. Além disso, a busca por profissionais qualificados em um mercado tão restrito pressiona salários e força empresas a recorrerem ao trabalho remoto internacional, o que intensifica a fuga de talentos. Sem investimentos estruturais em educação e capacitação, o país corre o risco de estagnar em áreas estratégicas, prejudicando não apenas empresas, mas também a inclusão de milhares de jovens no mercado de trabalho tecnológico.
Empresas atuam para desenvolver talentos digitais
Para enfrentar esse desafio, a Everest Digital, empresa do Grupo Soluti, lidera iniciativas inovadoras como o Programa Residência Tecnológica – Jornada para o Futuro, em parceria com o Governo de Goiás e as Escolas do Futuro. Este projeto combina treinamento técnico, prático e comportamental para jovens do ensino médio de baixa renda, inserindo-os no mercado de tecnologia por meio de estágios remunerados e mentoria. A iniciativa promove, além da capacitação, um incentivo crucial para que os participantes ingressem no ensino superior, seja em áreas tecnológicas ou correlatas, consolidando o desenvolvimento de talentos em um mercado competitivo.
Projetos como o Residência Tecnológica – Jornada para o Futuro não apenas preenchem lacunas de mão de obra qualificada, mas também contribuem para uma transformação social significativa. Ao criar oportunidades para jovens em situação de vulnerabilidade, a Everest Digital une o impacto social às necessidades do setor de TI.
Iniciativas desse tipo fortalecem o ecossistema tecnológico local, posicionando o estado de Goiás como um polo emergente de inovação no Brasil. O sucesso do programa, reconhecido internacionalmente ao vencer o renomado DCD LATAM Awards, a maior premiação do setor de Data Centers na América Latina, demonstra como estratégias alinhadas entre empresas e governos podem mudar vidas e moldar o futuro da tecnologia no país.